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Aqui você terá oportunidade de conhecer um projeto que aborda a questão do uso de drogas, tendo a prevenção como elemento principal da sua ação.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fique atento

Fonte: http://www.sead.ufsc.br/bibliotecas/upload/ec_p18_19_perguntas.pdf

Pergunte ao especialista

10 dúvidas sobre o crack

1. O crack cria dependência desde a primeira experiência?
A dependência química envolve o patrimônio biológico de cada pessoa (herdado), as condições socioculturais nas quais ela nasce e se desenvolve e as condições ou patrimônio psíquico de cada um. Não considero apropriado dizer que alguém desenvolverá dependência química ao crack desde a primeira utilização.
Especialista - Antonio Nery filho é psiquiatra e coordenador do Centro de Estudos e Terapia do
Abuso de Drogas da Universidade Federal da Bahia.


2. Qual é o impacto do crack nos diversos setores da vida do usuário?
Em geral, os usuários de substâncias psicoativas legais e/ou ilegais são capazes de manter o consumo sob controle. O abuso é, seguramente, um sintoma e não uma causa. Costuma-se dizer no meio psicanalítico que “o sujeito faz a droga”. Isso quer dizer que o impacto de uma substância na vida do consumidor tem mais a ver com o próprio consumidor e seu contexto (condições de extrema miséria social e/ou sofrimento psíquico) do que com as propriedades da substância química. Antonio Nery Filho

3. O próprio usuário pode se ajudar para combater a dependência?
Considerando que a dependência química compromete a vontade, raramente se espera que o paciente busque espontaneamente tratamento, mesmo que reconheça os riscos e danos implicados em sua conduta. É fundamental a interferência (amorosa, cuidadosa, respeitosa) da família, de amigos, colegas e até da lei. Antonio Nery Filho

4. Como prevenir o uso entre os jovens?
Por mais que pareça que eles conhecem tudo sobre as drogas, é importante conversar sobre aonde podem chegar, sem fazer terrorismo. É preciso fornecer outros caminhos para aplacar aquilo que a droga proporciona: relaxamento, excitação, maior participação social, segurança. A idéia é conversar sobre perdas e ganhos, mostrar a droga como um remédio veneno (remédio porque proporciona prazer e sensação de preencher uma lacuna e veneno pelas consequências que traz).
Especialista Fátima Sudbrack é psicóloga e professora do Departamento de Psicologia clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. Coordena o Programa de Estudos e Atenção às Dependências do mesmo departamento.

5. Qual o papel da família no tratamento?
Por trás dos usuários de crack existem famílias muito desamparadas e desenraizadas que passam por situações de vulnerabilidade. Um desafio no tratamento dos dependentes é compreender o abismo que se estabelece entre o usuário e a família. E aqui é importante ressaltar que alguns meios de comunicação contribuem para deixar essa relação ainda mais fragilizada quando transmitem a idéia de que o usuário de crack é um marginal. As famílias sofrem demasiadamente por falta de informação e por causa de mensagens sensacionalistas que não correspondem à realidade.
Especialisa: Auro Danny Lescher é psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo e Coordenador Geral do Projeto Quixote (SP)

6. Como reconhecer – em casa/no trabalho – um dependente?
Há vários sintomas que se instalam rapidamente: fragilidade física (emagrecimento), cansaço, sonolência, “noia”, a pessoa fica desconfiada, insegura e com síndrome de perseguição, dificuldade para manter a rotina (pois fica vulnerável ao consumo), alteração do sono, estresse físico e mental, inapetência. Fátima Sudbrack

7. O consumo de crack por gestantes dificulta o parto?
No momento do parto, o uso de crack foi associado a maiores taxas de contratilidade uterina anormal, descolamento prematuro de placenta e hipertensão (préeclâmpsia). A gestante usuária ainda pode ter risco aumentado para desenvolver acidentes vasculares. Geralmente o uso de crack não ocorre de forma isolada e até o momento não se sabe ao certo quanto desses efeitos pode ser atribuído a essa droga e quanto está associado a outros fatores de risco como doenças infecciosas, doenças psiquiátricas, uso de outras drogas lícitas e ilícitas, ausência de pré-natal, exposição à violência e à pobreza.
Especialista: Gabrielle Bochese da Cunha é Neonatologista e coordenadora das pesquisas mães-bebês – ações integradas e do programa de atendimento a bebês expostos do hospital materno infantil Presidente Vargas de Porto Alegre.

8. O bebê de uma usuária nasce com algum tipo de dependência?
Não, o bebê não é dependente e a abstinência ao crack ou à cocaína não está cientificamente comprovada (ao contrário do que ocorre com o cigarro e os opiáceos). O bebê apresenta efeitos relacionados a alterações nos neurotransmissores, que poderão ser temporários ou duradouros (irritabilidade, dificuldades de consolo e motoras). Essas alterações poderão ser minimizadas ou potencializadas conforme o atendimento e os cuidados que essa criança recebe durante os primeiros anos de vida.
Gabrielle Bochese da Cunha

9. O que fazer para ajudar o usuário?
A família e a escola devem acolher o jovem. A primeira diretriz da escola é não excluir o aluno, seja qual for o envolvimento que tiver com a droga. A família deve assumir seu lugar com autoridade, dando limites. É um contexto paradoxal de risco e proteção. Ambos precisam ser ajudados. O grande desafio é que o dependente não procura ajuda sozinho. Ele expressa o sofrimento e a necessidade de ajuda com o próprio uso da droga. É preciso uma aproximação cuidadosa para que ele possa expressar o que o levou a buscar a droga. Fátima Sudbrack

10. O uso de crack deixa alguma seqüela para o desenvolvimento físico e mental de um adolescente?
O crack altera o autocontrole, que já não é estável na adolescência. Além disso, provoca uma confusão dos neurônios que altera o sistema hormonal e desencadeia um quadro psicótico com síndrome de perseguição e agressividade. O cérebro deixa de aprender e desenvolver uma série de habilidades e desenvolve a patologia. Quanto mais cedo são feitos o diagnóstico e a intervenção, mais rápido se consegue reverter o quadro. Os adolescentes respondem rapidamente aos tratamentos multidisciplinares.
Especialista: Sandra Scivoletto é psiquiatra e professora de psiquiatria da infância e adolescência do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas/ Faculdade de Medicina da USP.

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